Foi um ano e meio de pesquisas e confusões, mas o meu projeto experimental, a razão de existir desse blog, chegou ao fim. Finalmente! Mas não se preocupem, o blog não nasceu com data de validade e, por enquanto, não tenho a mínima intenção de abandoná-lo.
Nesse momento de conclusão, porém, percebo que nunca me dei realmente o trabalho de contar para vocês o que é isso que estudo e acho que, agora, no fim do percurso vale a pena explicar o que estava por trás de todos esses posts.
Onde eu estudei todos são obrigados a fazer o seu projeto de conclusão de curso em grupo. E não foi diferente para mim. Eu mais quatro colegas nos juntamos, graças ao nosso interesse em pesquisar algo novo e relativamente inesplorado, para estudar a democratização da cultura nos blogs - ou, pelo menos, era essa a nossa idéia inicial. Já depois de um semestre e algumas reuniões com alguém que realmente conhecia a área, no caso a nossa orientadora, Geane Alzamora, o projeto ganhou um nome mais chick. Passamos a estudar a mediação cultural na blogosfera de cultura urbana.
De forma simplificada, estávamos tentando entender o que acontece entre a idéia de fazer um blog sobre cultura urbana (de forma geral, que acontece na cidade), e fazer o blog, produzir os post e se inserir no que nós (gente muito fina do campo da pesquisa) chamamos de webring. Para tentar descobrir fizemos duas coisas: pesquisamos os conceitos que estão no título da nossa pesquisa (mediação cultura, cultura urbana) e cada integrante do grupo fez um blog focado em um determinado recorte dentro de cultura urbana. Os recortes foram: literatura (eu!), esporte, cinema, intervenção urbana e arquitetura. Além desses, produzimos um blog em que colocávamos passos do nosso processo de pesquisa e outro blog, que reune tudo que todos nós escrevemos em uma só "capa".
Assim, passamos alguns meses produzindo conteúdo e se inserindo do meio da melhor forma que podíamos. Eu fiz a maior propagando do meu trabalho, mas outras pessoas fizeram outras coisas. Cada blog é de uma pessoa e cada pessoa tem atitudes e idéias diferentes. É exatamente essa polifonia que dá valor ao nosso trabalho.
Além de construir o meu blog, eu avaliei de forma quantitativa três outros blog da área de literatura. Eu escolhi o Odisséia Literária, o Livros e afins, e o MetaxuCafe. Essa avaliação só serviu para uma coisa: descobrir que o valor do blog não é mensurável quantitivamente. Pois, de acordo com a avaliação a única coisa que difere esses blog é a sua inscrição ou não no creative commons.
Quanto às conclusões e resultados do projeto, acredito que ainda estão por vir. Não conseguimos, em uma pesquisa de graduandos, materializar tudo que percebemos nesse meio tão frutífero, mas não deixamos de perceber algumas coisas interessantes. Quem quiser pode ver o projeto na íntegra no overmundo - vamos colocá-lo lá logo!
Sobre o Livrolivre podemos dizer algumas coisas aqui mesmo!
A proposta inicial de mediação cultural era fazer um blog que falasse de uma forma que facilitasse o acesso de quem procura determinada informação, que faz parte de uma gama de assuntos que não são muito conhecidos ou contemplados. Um exemplo disso são as editoras independentes, os autores que publicaram seu próprio livro e tentam vendê-lo, iniciativas literárias na internet.
O resultado disso pôde ser acompanhado no serviço de contagens: Na primeira semana que bloguei fiz a divulgação somente por e-mail para amigos, o que resultou em um total de 90 visitas. Após a divulgação no Orkut, somaram-se 410 visitas em uma semana (04/05 - 10/05), um aumento gritante. Esse número de visitas só foi superado em outubro (29/09 - 05/10), quando fiz um sorteio de livros no blog, que atraiu cerca de 600 visitas. No total, de maio a novembro, foram 4.686 page views, 3.346 visitantes que deixaram mais de 200 comentários.
Além de formar os números que vemos acima, os visitantes do blog também contribuíram de forma mais ativa. Um deles, Elisa Granha, contribuiu com um relato pessoal sobre a prática do livrolivre nos EUA. Outros visitantes contribuíram de outras formas. Leonardo Siviotti contribuiu com inúmeras sugestões de posts e de entrevistas para o blog. Outros, como o que se identifica como “...” questionou a proposta desse projeto em si: “Eu só não entendi porque a Flávia disse que as histórias deveriam ser urbanas. Por que limitar?”.
Em conclusão, a experiência mostra que a mediação cultural em blogs de cultura urbana, principalmente no Livrolivre, é feita de uma forma, que não envolve grandes preocupações por parte do autor em relação ao processo. Apesar de haver, de fato, um exercício de mediação cultural, seu processo não é consciente. Tanto no Livrolivre, quanto nos blogs pesquisados, há um interesse maior no produto da mediação cultural, no post em si publicado e fazendo parte de uma rede, do que no processo de se escrever, no por que se escreve. Dessa forma, podemos fazer um paralelo da mediação cultural observada nas ações reais com as ações virtuais. Em nenhum dos dois locais da ação há uma consciência ou um interesse pelo processo que leva ao texto. Porém, em ambos os âmbitos há interesse em ter o texto em mãos, em ter um produto, que invariavelmente será fruto da mediação cultural.
Um comentário:
hum...
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