quinta-feira, 21 de agosto de 2008

BookCrossing = Livrolivre?

Acho que todo mundo aqui já conhece a iniciativa Livrolivre, já falei dela em algumas ocasiões (aqui, aqui, aqui – falei muito!). Hoje venho falar de uma iniciativa parecida, quase igual: o BookCrossing. Segundo o Wikipédia foi esse tal de BookCrossing que começou com a fenomenal onda de libertar os livros nas ruas. Concebido em 2001, já recebeu prêmios, participou de documentários e já até nomeou o país oficial do BookCrossing: Singapura. Por que Singapura? A biblioteca nacional do país nomeou cerca de 2.000 “hotspots” – locais seguros para a libertação de livros.

No Brasil, o ato de libertar livros é menos organizado (Oh! Que surpresa!). Não temos hotspots nomeados pela biblioteca nacional (apesar de serem uma boa idéia) e não temos alguém que se habilita a coordenar a prática. Porém, tem gente na fila para esse cargo. A RP, Helena Castello Branco, criou um hotspot em São Paulo, no restaurante Central das Artes, o que levou o pessoal do Rio de Janeiro a querer um também, que eles fizeram no Lunático Café, no bairro do Jardim Botânico.

Graças a ela, a iniciativa brasileira já participou de alguns eventos e, atualmente, o BookCrossing está presente na 20ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Além de um local seguro para a libertação de livros, eles distribuem etiquetas, flyers e marcadores da rede literária e da conscientização do público sobre a importância do livro e da leitura.

Até aí nada de muito novo, certo? Isso eu já fiz na oficina do Domingo Nove e Meia e tenho certeza que mais gente fez algo similar por todo o país. A grande novidade que Helena propõe é a integração brasileira ao site americano. Isso possibilita que a pessoa que libertou o livro acompanhe suas viagens pelo mundo, pois os livros são cadastrados no site.

Funciona assim: Cada livro deve ser registrado no site para receber um número de identificação, que deve ser anotado na contracapa. Quem encontra o exemplar, deve também fazer um registro na Internet, com o número anotado, informando assim aos leitores anteriores que o livro está agora em suas mãos.

Se a iniciativa dela vai dar uma organizada no movimento brasileiro, só o tempo dirá, mas enquanto isso eu tenho uma pergunta. Ou melhor, uma afirmação. Liberar livros dentro de uma Bienal, na qual é preciso pagar entrada não é muito livre, ou é?

*********
Pergunta para os paulistanos: Está rolando a Bienal dos Pobres? Eu procurei saber e só achei notícias de um mês, dois meses atrás... Alguém sabe dizer? Afinal, por mais que seja legal liberar livros, o BookCrossing não consegue competir com o volume de livros doados pela Bienal dos Pobres. Nem com a entrada franca do evento alternativo.

7 comentários:

JOÃO RENATO disse...

que bacana! mas acho essa tentativa de controle um pouco chata, o legal mesmo é largar pra lá o livro e quem sabe, um dia, trombar com ele em um orelhão ou debaixo de um banco de praça.

RenatoZ disse...

hotspots?

qual é graça disso?
um grupo seleto de pessoas trocando livros entre elas mesmas...

quanto a atitude de borucratizar, sempre tem algum escroto, ou escrota, querendo fazer isso

eu vou continuar abandonando os livros do jeito LEGAL, sem cadastro

considero a organização patética e ineficiente em todas as escalas que envolvem aposta

e abandonar um livro, no hotspot ou não, é uma aposta

Alexei Fausto disse...

Curto a anarquia libertária.

Iara disse...

O bacana de o livro ter um número que permita acompanhá-lo é saber por onde ele andou, quem leu, o que achou. Volta e meia surgem histórias bacanas de livros que "ressurgem" do outro lado do mundo anos depois de terem sido abandonados. A intenção não é burocratizar, só dar uma ferramenta a mais pra quem gosta de deixar livros por aí. Os hotspots são outra ferramenta, ninguém é obrigado a deixar livros lá.

Anônimo disse...

Olá Flávia! Gostei de ler o seu post e espero que me permita fazer algumas considerações como participante do Bookcrossing.

Na verdade apesar da Helena ser a pessoa que atualmente está mais promovendo eventos do BC, a participação de brasileiros já ocorre desde 2002. Em 2003 houve um grande boom de pessoas que se associaram aqui para deixar livros pela rua naquela iniciativa do 11 de setembro, além de uma grande divulgação pela Folha de São Paulo.

Eu já libertei quase 200 livros na rua mesmo, em diversas cidades, inclusive durante a Bienal do Mercosul e no Fórum Social Mundial. Alguns deram notícias no dia seguinte, alguns depois de muito tempo (teve um que ressurgiu depois de três anos e meio). Um livro que deixei no Uruguai apareceu depois de nove meses na Argentina.

Troco alguns livros com outras pessoas (pois afinal fiz várias amizades através do BC e gosto de compartilhar livros com amigos também), porém o que fez com que eu me apaixonasse pelo BC há cinco anos foi mesmo a idéia de encontrar um livro na rua. Como aqui no Brasil o acesso à Internet ainda é restrito, escrevo nas minhas etiquetas que o importante é ler e compartilhar o livro.

Nada no BC obriga à burocratização, pelo contrário, é um movimento que cresceu anarquicamente no mundo todo (sem desmerecer o trabalho da Helena, não existe isso que se fala às vezes de que agora o BC chegou no Brasil -- para chegar em algum lugar é só alguem se cadastrar e/ou deixar um livro no lugar) e com o tempo os participantes desenvolveram várias modalidades de libertação.

Colocar os livros em locais designados, como a Central das Artes em SP e o Lunático Café no Rio, é também uma forma de divulgar o movimento, pois assim as pessoas que visitam o local ficam conhecendo o BC. Como esses locais são públicos não se pode dizer que seja um grupo seleto de pessoas (inclusive no próprio site do BC se avisa que não há garantias que alguém vá encontrar um livro específico pois eles muitas vezes somem rápido).

Além disso existe no site um fórum para desafiar as pessoas a libertar mais livros na rua de diversas formas. Algumas pessoas já deixaram milhares de livros. A maioria some sem deixar vestígios, portanto receber notícias é apenas um bônus. Porém é muito legal ficar sabendo da jornada do livro, como quando alguém escreve dizendo que não lia um livro desde a escola ou que estava tendo um dia péssimo até achar o livro, ou simplesmente o que ela achou do livro.

Lilian disse...

Sou nova no BookCrossing, fiz meu primeiro registro em maio desse ano.Eu tinha alguns livros em casa e achei ótima a idéia de libertá-los.
Não achei burocrático como foi comentado aqui, muito pelo contrário, foi de acordo com a importância que um livro tem para mim.Um livro é uma vida, e poder acompanhar seu destino foi reconhecer o seu valor.Fui convidada para fazer parte de um grupo BC Brasil e tive através dele a oportunidade de voltar a ler com frequência livros do meu interesse, tinha parado de comprar livros pelo custo.
Além disso, o grupo me deu a oportunidade de opinar sobre todos os assuntos referentes ao BC Brasil:etiquetas, eventos, divulgações...
Pois tudo é resolvido de forma democrática.
Está sendo uma ótima experiência.
Se alguém quiser tentar
www.bookcrossing.com

RenatoZ disse...

burocratizar...sempre existem academicos para tornar tudo cinza

para "liberar" um livro, mas se manter como o dono deste

burocraticos, por natureza, ou criação, não suportam a idéia de abandonar um livro e se esquecer disso, eles precisam de um retorno para tudo que fazem

eles precisam escrever sobre o movimento

eles precisam dar nomes, formatar e massificar tudo

e acima detudo, eles precisam de criar regras.

mas eu não preciso obecer a estas regras

o próximo livro cadastrado no bookcrossing que eu achar, eu vou queimar.