quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Annabel & Sarah

Annabel tem o cabelo preto, usa roupas escuras e não é capaz de ter uma conversa sem ser desagradável. Sarah é loira, usa vestidos floridos e obedece a seus pais. As duas são gêmeas, mas além do DNA não tem nada em comum. Moram em casas diferentes e evitam ao máximo qualquer tipo de contato.

As duas são obrigadas a reconhecer a existência uma da outra no dia que Annabel invade uma casa abandonada. Sarah segue a irmã e é puxada para dentro de uma televisão por mãos bizarras. Apesar de ter uma “irmã chata”, Annabel decide encontrar Sarah e também é transportada para um universo alternativo. O problema é que cada uma foi parar em um lugar e elas terão de vencer seus próprios preconceitos para se salvar e depois tentar salvar sua irmã. Na luta para escapar do pesadelo, as duas encontram referências ambulantes do melhor da literatura.

Este livro é diferente dos que eu normalmente coloco nessa coluna. Ele é brasileiro. Publicado pela Editora Draco, é um exemplo da fantasia urbana feita no Brasil. Infelizmente não mostra as nossas cidades, mas já fico feliz de ser escrito por um brasileiro.

Editora Draco – R$ 30,90 – 156 páginas


A convite do Blog Livro Livre, Jim Anotsu elaborou uma lista com 10 dicas de leitura

Essa é a minha lista de livros favoritos da adolescência e foram aqueles que mais li e reli durante a minha vida, que nem é tão longa assim, mas tudo bem. Eles incluem uma variação em termos de formas e estilos que acho que são minhas 10 dicas porque cada um tem uma forma e algum arranjo estético que proporciona tudo o que se espera de um bom livro.

Watership Down - Uma das melhores narrativas feitas usando animais, foi escrito por Richard Adams e publicado em 1972. É a saga de um grupo de coelhos, que após as visões do profético coelho Fiver, decide sair em busca de um novo lar. É como se Shakespeare encontrasse Cervantes e decidissem escrever um livro sobre coelhos.

O Senhor das Moscas – Esse é ótimo e te prende do início ao fim. Após um bombardeio nuclear, crianças de um colégio estão sendo transportadas num avião que cai numa ilha. Os únicos sobreviventes são as crianças que devem aprender a sobreviver naquele ambiente complicado. De início as crianças tentam estabelecer uma “democracia”, mas ao passar do tempo acabam caindo na barbárie e violência entre si. Uma narrativa simples, mas densa. Prêmio Nobel para William Goldwin.

A Ilha do Tesouro – O meu livro favorito de Robert Louis Stevenson! Um livro que fisga e segura a pessoa desde o inicio. Você o lê uma vez e pronto, fica na sua mente para sempre. Jorge Luis Borges disse que descobrir Stevenson é um dos prazeres mais duradouros que a literatura pode proporcionar. Desde os 12 anos, carrego os piratas, navios e cenários desse livro comigo. Um mapa do tesouro para o leitor.

Histórias Extraordinárias – Edgar Alan Poe. Tudo o que Poe escreveu merece carinho e atenção. Seria impossível pensar em Tim Burton, Neil Gaiman e até Baudelaire sem a influência dele. Ele tem uma escrita amargurada como sua vida, mas ainda assim de um lirismo arrebatador. E é assustador, muito. Quando li o conto do “Gato Preto” na minha adolescência, pensei: “Posso dormir de luz acessa?” Gótico, assustador e inteligente. Sua obra poética merece tanta atenção quanto.

Trilogia Borribles – Só em inglês por enquanto e a linguagem é um pouco estranha pelo uso grande de dialetos, mas nada que atrapalhe. É um clássico moderno, sobre os Borribles, essas quase-crianças de orelhas pontiagudas que vivem nos lugares escuros e esquisitos de Londres. Vivendo uma vida livre, cometendo furtos pra viver e sempre no limite. As diversas tribos são as mais legais. E todo mundo sempre fica com vontade de fugir de casa e ganhar seu nome Borrible.

On the road – Como ser adolescente e não querer a vida dos santos vagabundos e iluminados de Jack Kerouac. As aventuras de Sal Paradise e Dean Moriarty por uma América estranha e cheia de curvas de todos os tipos. Uma celebração da liberdade e da poesia das ruas, do jazz e das coisas legais que existem na vida. É muito legal e você fica sempre com um sentimento novo e vivo pulsando.

Reparação – Meu autor moderno favorito, Ian McEwan sempre escreve coisas fortes que te tocam pela força da sua narrativa. É impossível não seguir aos pulos a história de Briony Tallis em Reparação. Livro que é uma meditação sobre a arte e narrativa. E mais do que isso, é comovente e muito bacana mesmo.

Harry Potter – É interessante notar como a série escrita por Rowling abriu a porta para muitos outros escritores que vieram depois dela e mostraram que as crianças podem sim ler uma história longa e de muitas páginas. Harold Bloom critica bastante J.K Rowling, mas eu acho que ela tem seu mérito por criar algo interessante, engraçado e com sentimentos verdadeiros, mesmo que ela não seja Proust ou Joyce.

O Morro dos Ventos Uivantes – Minha predileção por pontos de vistas e narradores diferentes nasceu nesse livro. É muito interessante acompanhar essa história de amor e ódio e assistir com admiração e repulsa cada passo do inesquecível Heathcliff. Um lindo exemplo de literatura bruta.

Don Quixote - Eu li aos 15 anos de idade e mesmo que tenha sido na época uma leitura pesada, era impossível não rir muito das aventuras do fidalgo da triste figura e seu amigo Sancho Pança. São tantas aventuras mirabolantes e incríveis que não ler Don Quixote é perder uma parte significativa da sua parte na partilha do tesouro literário ocidental.

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