quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Livro pornô é o mais vendido para Kindle

Imagino que um livro pornô ser o mais baixado não deveria surpreender ninguém. O leitor digital é o suporte ideal para quem quer leituras mais apimentadas. Ninguém sabe qual livro você está lendo, se o "romance" incluir imagens, elas serão disponibilizadas com uma definição impressionante. Mesmo assim eu me encontrei surpresa quando vi que o livro Compromising Positions, de Jenna Bayley-Burke, ocupava o primeiro lugar de downloads do kindle, sendo que não está nem nos 100 mais vendidos do The New York Times.

Como toda anormalidade, essa se explica facilmente e dá uma dica de como o ebook pode mudar o mercado literário. A editora Samhain Books está experimentando com algumas formas de marketing para ebooks. Eles disponibilizaram o livro por US$ 0,00 por duas semanas na esperança de criar um buzz em torno da obra e conquistar alguns leitores fieis, que estariam dispostos a pagar pelos outros livros da série.

A estratégia deu certo e o livro ganhou milhares de propagandas gratuitas - como essa que você está lendo - e estima-se que ele tenha sido baixado 35 mil vezes. A editora não desperdiçou a oportunidade e o livro já está com o seu preço integral, US$ 6,40. Apesar do aumento do preço, ele se mantém firme no primeiro lugar, seguido de um cópia do primeiro livro do Sherlock Holmes, por US$2,00 e Os homens que não amavam as mulheres, custando US$ 8,64.

Por enquanto, casos como esse, de sucesso absoluto com uma estratégia de marketing inovadora, não são aplicáveis para todas as obras. Ao disponibilizar um livro gratuitamente é possível que ele seja rejeitado sem ninguém ter sequer pago para fazer a leitura que deu origem à crítica. Por outro lado, livros eróticos não são criticados pela sua falta de elegância literária, ou por que seus personagens são maniqueístas demais. A única coisa que se espera deles é uma heroína feminina e espirituosa e um galã rico e bonito.

O leitor digital, por outro lado, sofre com exigências maiores. Ele deve ser o dispositivo que incitou uma revolução literária e aumentou o número de leitores no mundo. Mas será que essa revolução vai ser a divisão que obriga o erudito a existir no papel e o popular na tela?

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